Isabel pensava em quão interessante a sua vida se tornara. Vivera a uma velocidade assustadora, conhecendo pessoas tão diferentes das que encontraria em Portugal se lá tivesse ficado. Percebera que as cidades e os países não obedeciam inteiramente à padronização que os meios de comunicação, à distância, imprimiam em tudo e todos. Vistos de perto, uns eram mais iguais entre si do que outros, mas a singularidade de cada um continuava bem evidente apesar de sujeita à massificação internacional. Pensara tanto nas semelhanças e nas razões das diferenças. Entusiasmava-se sobretudo com a diversidade cultural que coabitava no mesmo espaço. Surpreendia-se com a facilidade com que se adaptou a Jacarta. É certo que só tinha encontrado pessoas magníficas que a ajudaram sem recearem invadirem a sua privacidade e ignorando o cuidado que a civilização do politicamente correto impunha. Auxiliaram-na porque tinham o sentido de bem acolher e a curiosidade de a conhecerem, sabendo que ela estava de passagem. No Reino Unido, a adaptação tinha sido mais gradual para ambas as partes: ela e quem a acolhia ainda tinham a noção da distância curta entre os dois países. Não havia urgência de correrem uns para os outros porque, todos acreditavam que se iriam encontrar várias vezes ao longo das suas vidas. Nos EUA, país de passagem para o mundo, havia pressa em estabelecer ligações, efémeras com certeza, mas que deviam aproveitar enquanto duravam.