“Enquanto Yvia aguardava presa em um porão escuro a vida ia
acontecendo em outros lugares onde os horrores da guerra ainda não haviam chegado. O sol nascia lentamente, manso e acolhedor e ia tornando-se impetuoso, indômito, inabalável, alcançando a todos indistintamente. Enquanto aquecia ia aflorando as mais diferentes e profundas emoções. Senhor absoluto do tempo, cruzando o céu até refugiar-se na quietude da noite. Cumpria sua travessia sob a qual tudo acontece e onde a vida se faz, doce, simples, selvagem.
Os mentores e articuladores da guerra eram os mesmos que
apagavam sonhos e tomavam decisões modificando vidas e transformando histórias. Histórias que carregam culpas e buscam por uma absolvição que talvez nunca chegará. Tudo acontecia sob este mesmo sol tão isento, tão justo, desapaixonado e por isso honesto. As primeiras luzes do dia começavam a surgir. Era hora de sair. Encarar a vida ou a morte. Não tinha escolha. A vida não lhe permitia isso nesse momento. Enfrentaria tudo o que o futuro e o destino lhe reservava.”