Imagine um processo criminal conduzido por um tribunal que não permite ao réu saber do que está sendo acusado nem quem o acusou; que lhe confisca todos os bens; que não lhe franqueia acesso aos autos; que constitui um advogado com o único fim de fazê-lo confessar logo e se arrepender; que considera a simples delação como prova definitiva e que tortura o acusado para que ele delate amigos e parentes e confesse algo que ele desconhece.
Pois bem, esse tipo de tribunal, conduzido pela Igreja Católica, já existiu e recebeu o nome de Tribunal do Santo Ofício ou Tribunal da Inquisição e foi responsável pela tortura, excomunhão, confisco de bens, humilhações públicas e pela morte de milhares de inocentes em todo o mundo, inclusive no Brasil, e mais particularmente em Paracatu, à época uma nascente cidade perdida nos grotões das Gerais, que também cedeu algumas almas ao sinistro flagelo da Santa Inquisição.
De que forma o cristianismo atingiu tal nível de degradação moral? Como pôde a Igreja ter engendrado e praticado tamanha crueldade? Como pôde atravessar o Atlântico e estender seus tentáculos persecutórios sobre a longínqua Paracatu?
