O tema felicidade na psicologia, sociologia ou filosofia não é, de forma alguma, uma aposta recente. Ao contrário, diversos autores já se lançaram a investigar a ideia de felicidade, como por exemplo, na filosofia clássica, em autores como Aristóteles, Platão, Sócrates, Heráclito e Epicuro. Da mesma forma, foram elaboradas interessantes reflexões sobre a felicidade entre filósofos modernos como Kant e Roussel, o contemporâneo Sartre, e pensadores da atualidade como Mário Sergio Cortella, Leandro Karnal e Clóvis de Barros Filho. Embora tais autores tenham ajudado a formular essa proposta, não é diretamente sobre esses filósofos que pretendo refletir. Este livro é uma proposta de investigação e críticas à modernidade, ao capitalismo e à ideia de felicidade, que ambos trazem implícita dentro de uma sociedade de consumo.
Contudo, este livro não é sobre o sistema capitalista, ou pelo menos não no que se relaciona com suas questões político-partidárias. Tampouco se trata de comparar o capitalismo com o socialismo, ou sobre em qual destes modelos econômico-ideológicos as pessoas podem ser mais felizes. Meu objetivo é refletir sobre felicidade e capitalismo, mas não pretendo, para isso, acercar-me de nenhuma noção essencializada de felicidade, uma vez que a felicidade será aqui entendida como um discurso, portanto sujeito à cultura e à história, por meio da leitura aprofundada da condição humana no sistema capitalista. Pretendo neste livro chegar aos mecanismos de produção discursiva de uma felicidade hegemônica que é muitas vezes apontada como necessária, ainda que nem sempre possível.
Com isso, convido você a descobrir junto comigo se existe felicidade no mundo
capitalista vivendo em uma sociedade de consumo.
Boa leitura a todos.